"Anthropologie et Cinéma" par Marc Henri Piault. Leçon 1 : Pour la conquête du monde (English and Portuguese subtitles)

"La conquête politique et scientifique du monde"

Fr : Naissance et développement du cinéma et de l'anthropologie à partir de la fin du XIXème siècle. Postures scientifiques d'exploration du monde (collecte, identification, appropriation) et d'instrumentalisation à l'origine de l'émergence d'un langage du cinéma. Une conception évolutionniste du monde.

Dès son départ, le cinéma tente de saisir ce qui est l’objet même de l’ethnologie : les pratiques de l’être humain dans les relations qu’il établit et qu’il énonce avec ses semblables et avec l’environnement qui le situe et dont il dispose. Cependant la prise organisée d’images vise également à percevoir sinon marquer les frontières qui distinguent l’humanité de la nature à laquelle cependant l’être humain appartient tout en ne sachant pas toujours la place qu’il y occupe. Identification et distinction, telles sont les opérations constamment à l’oeuvre et dont on peut espérer qu’aucune jamais ne prendra le pas sur l’autre, leur balancement garantissant une vraie dynamique d’existence, de découverte, d’invention, de réalisation, un espace d’exercice de ce qui serait la liberté. A travers ces opérations s’élabore un constituant essentiels à tout récit, qu’il soit cinématographique ou narration de l’expérience ethnologique : le personnage filmé ou la personne dans son autochtonie anthropologique. Il est construit d’une part dans le cours d’un processus de caractérisation et d’autre part à travers une opération distinctive d’identification par rapport aux autre figures de compréhension et dans le cadre d’une mise en situation relative. Dans notre parcours nous suivrons les traces de ce personnage, autant dans le cinéma qu’en anthropologie, cherchant à reconnaître les différents moyens mis en œuvre pour son identification et sa qualification. 

Eng : Since its beginnings, cinema has tried to grasp what is the very object of ethnology: the practices of human beings in the relationships they establish and express with their fellow human beings and with the environment that surrounds them. However, the organized capture of images also aims to understand, if not mark, the limits that distinguish humanity from nature, to which, however, the human being belongs, without not always knowing the place he occupies there. Identification and distinction, such are the operations in constant activity and from which we can expect that none will overlap the other, their balance guaranteeing a real dynamic of existence, discovery, invention, realization, a space for the exercise of what would be freedom. Through these operations, an essential constituent of any narrative, whether cinematographic or ethnological experience, is elaborated: the filmed character or the person in his/her anthropological autochthony. It is constructed, on the one hand, in the course of a characterization process and, on the other hand, through a distinct identification operation in relation to other figures of understanding and in the context of a relative situation. In our journey we will follow the footsteps of this character, both in cinema and in anthropology, seeking to recognize the different means implemented for his identification and qualification.

Films étudiés: L. Regnault, Marey, Muybridge, Edison, Dickson (Indian war Council ; Sioux Ghosts Dance), C. Haddon, W.B. Spencer, R. Pöch, A. Kahn (Les Archives de la Planète)

Pt : A conquista política e científica do mundo

Origem e desenvolvimento do cinema e da antropologia a partir dos finais do século XIX. Posturas científicas de exploração do mundo (coleta, identificação, apropriação) e instrumentalização na origem da emergência de uma linguagem de cinema. Uma concepção evolucionária do mundo.

Desde o seu início, o cinema tenta captar o que é o próprio objecto da etnologia: as práticas dos seres humanos nas relações que se estabelecem e se expressam entre os seus semelhantes e com o ambiente que os situa e que se encontra à sua disposição. No entanto, a captação organizada de imagens visa também perceber, se não marcar, os limites que distinguem a humanidade da natureza, à qual, no entanto, o ser humano pertence, sem nem sempre saber o lugar que ocupa dentro dela. Identificação e distinção, tais são as operações em constante atividade e das quais podemos esperar que nenhuma se sobreponha à outra, o seu equilíbrio garantindo uma verdadeira dinâmica de existência, descoberta, invenção, realização, um espaço para o exercício do que seria a liberdade. Através destas operações, é elaborado um constituinte essencial a qualquer narrativa, seja cinematográfica ou de experiência etnológica: o personagem filmado ou a pessoa na sua autoctonia antropológica. É construído, por um lado, no decurso de um processo de caracterização e, por outro, através de uma operação de identificação distinta em relação à outras figuras de entendimento e no contexto de uma situação relativa. Nesta trajetória iremos seguir os traços deste personagem, tanto no cinema como na antropologia, procurando reconhecer os diferentes meios implementados para a sua identificação e qualificação.